

Rodrigo Campos
Quando vejo a imagem da capa do disco, o olhar da personagem, tocado por algo, traz a possibilidade da beleza na vulnerabilidade do olho esperançoso e brilhante. A beleza parece estar fora, quando acompanhamos seu olhar, mas, paradoxalmente, também está nela própria, que é vista por nós.
Um álbum que se anuncia com essa imagem pode estar dizendo sobre o “descuido” que nos traz para o presente, para nossas vidas. O deslumbramento com a beleza fora, mas sem perceber que somos vistos como beleza também.
Assim foi a toada nessa segunda trilogia do meu trabalho solo. Se com São Mateus, Bahia e Toshiro observei ou inventei mundos com milhares de habitantes e cercado por uma infinidade de músicos, agora, com 9 Sambas, Pagode Novo e Pode ser outra beleza, a labuta foi interna, tanto na busca de significado, quanto na busca estética, tocando cada vez menos instrumentos e mais sozinho, chegando, enfim, ao ápice dessa “desconstrução” com a forma mínima e original das canções: voz e violão.







